sexta-feira, 25 de abril de 2014

A HISTÓRIA DOS SUPER SENTAI - PARTE 4

OS JAPAS INVADEM O BRASIL

Voltando a falar de Super Sentai, entrincheirados. O assunto agora é bem conhecido pela maioria: as séries que chegaram aqui nos anos 80. Sem embaçar muito, vamos logo à primeira e melhor de todas (sou totalmente imparcial, viu? cof, cof, cof).

CHANGEMAN
Phoenix, Pegasus, Dragon, Griphon e Mermaid.
O Brasil foi apresentado às séries Sentais em 1988, com a chegada de Changeman. Sucesso absurdo junto com Jaspion, foi responsável pela volta do gosto brasileiro por séries nipônicas, ausente desde a família Ultra e National Kid. Dengeki Sentai (Esquadrão Elétrico) Changeman, traduzido e lançado no Brasil como Esquadrão Relâmpago Changeman, foi exibido em 1985 no Japão, contando com 55 episódios e 2 especiais de cinema. Aqui no Brasil, estreou pela extinta TV Manchete em 1988. Perto das séries anteriores e posteriores, Changeman tem uma produção capenga. Não se sabe o porquê dessa queda de qualidade, com muitas cenas usando recortes dos atores pra simular vôo ou queda, mas essa mesma tosqueira é diminuída por causa da ótima trilha sonora e as lutas de alto nível. 
Change Robô. Melhor que ele, só o Daileon.
 O tema espacial continuou em Changeman, mostrando os Defensores da Terra, grupo de proteção da Terra chefiado pelo sargento Ibuki. O comandante Giluke, encarregado da nave Gozma, invade a Terra com seu grupo de vilões: o pirata espacial Buba, a assistente Shima (sim, era aquela mulher que tinha voz de homem), o alienígena Gaata e o memorável Gyodai. Durante esse primeiro ataque, das profundezas do planeta emana a chamada “força terrena”, que se manifesta quando a humanidade se encontra em perigo. Ela banha 5 integrantes dos Defensores da Terra e cria o Esquadrão Relâmpago. A série foi a primeira a usar uma arma de fogo pra matar o monstro, nesse caso a Power Bazuca: Change Dragon grita “Poderosa Bazuca”, eles combinam as 5 peças e, quando montada, todos falam “Power Bazuca”. Mas que seja… Destroem o monstro e surge, então, a outra inovação da série: Gyodai, o bicho que só fala o próprio nome e lança um raio que torna o monstro derrotado em gigante. Era a primeira vez que tal artifício era usado pra dar a desculpa pros heróis usarem seu robozão.
Gyodai, Buba, Giluke, Shima e Gaata
Os episódios de Changeman acabam tendo seu foco centrado em algum dos 5 integrantes, que sempre giram em torno de superação, amizade, paixões. Muitos episódios são inúteis pro enredo da série, mas temos alguns que se destacam. Um dos melhores é “A Fuga de Gyodai”. Ele resolve fugir da base de Gozma e causa muita confusão na Terra. Ao decorrer do capítulo, Tsurugi percebe que o alienígena se sente triste por não ter amigos de sua espécie, então todos os 5 se disfarçam de Gyodais pra recuperarem um míssil que ele havia engolido e poderia explodir. Hilário e tocante, além do fato de mostrar algo como os vilões dormindo na nave enquanto não atacam, algo que às vezes no universo de heróis e vilões passa despercebido.
Gyodai festeja com os "novos amigos"
Outro memorável é “A Morte de Buba”, onde o pirata trava um duelo dramático com Change Dragon, no qual acaba gravemente ferido e morre logo depois. A cena de sua morte é considerada por muitos uma pérola clássica dos seriados Super Sentai. 
Cena copiada inúmeras vezes. Mandou bem, Buba...quer dizer, Dragon.
Changeman é um seriado em que os vilões principais na verdade também eram vítimas do senhor Bazoo e acabaram entrando nessa luta pra sobreviverem e, no momento que tiveram a oportunidade de mudar isso, aproveitaram. O legal é que, mesmo com aqueles cenários descarados de estúdio, locações repetidas para as batalhas (a famosa pedreira da Toei, presente em 342% das séries japonesas), os defeitos especiais, tinha um roteiro divertido. Deixou saudades e marcas visíveis até hoje. VAMOS, CHANGE!!! 

FLASHMAN
“Um dia, cinco crianças foram raptadas da Terra e levadas aos confins do Universo. E após 20 anos... Comando Estelar Flashman”. Era assim que começava Choushinsei (Supernova) Flashman, produzido em 1986. Segunda série Super Sentai a ser exibida no Brasil, aqui foi lançada como Comando Estelar Flashman em 1989. Ao todo, possui 50 episódios e 2 especiais de cinema. Lembro perfeitamente quando um colega de escola veio com o comentário: “É uma mistura de Changeman com Jaspion!”. Mas apesar do exagero da comparação, vibrei com a curiosidade de ver se eram mesmo melhores que os Changeman (afinal, era só o segundo seriado do gênero a passar por aqui, era novidade).
Go, Lu, Jin, Gostos...digo, Sara e Dan
Os cinco integrantes desta série foram raptados quando crianças, crescendo nos satélites do planeta Flash, cada um desenvolvendo diferentes habilidades. Sabendo que o Imperador Mess está prestes a invadir a Terra, os cinco guerreiros retornam ao planeta pela primeira vez após o rapto, dispostos a se vingarem e a defender sua Terra natal. Ao chegarem à Terra os heróis ficam encantados com o mundo novo que descobrem, agindo feito crianças a cada descoberta, querendo aproveitar a infância que não tiveram e partindo em busca de seus pais. Ao contrário dos Changeman, que por serem militares contavam com um exército de apoio e companheiros humanos, os Flashman tinham apenas a robô Mag como companhia. Flashman foi o primeiro sentai a ter o lado sentimental como princípio. Afinal, eram órfãos que só tinham uns aos outros (oowwnnnn).
Matando monstros com estilo.
Os Flashman tinham a Cosmic Vulcan, arma formada pelas bazucas de cada um, todas elas iguais, enormes e que eles guardavam Deus sabe onde. A rajada parece até um lindo arco íris, com a união das cores dos heróis girando em torno de si (mais fru-fru impossível). Gigante graças à ação de Medusan, o monstro enfrenta Flash King, o robozão principal. Ele chega a ser destruído, sendo substituído por Titan Jr. Mas Flash King retorna pra socorrer Titan Jr. alguns episódios depois. Acabou que os Flashman passaram a usar dois robôs de combate: se o monstro fosse ameaçador, Flash King era o escolhido da vez; se o monstro fosse cômico, Titan Jr. entrava em ação. Fora que eles ainda tinham o Gran Titan, um robô que de tão estranho nem se mexia, soltava um baita raio e acabava com o monstro numa paulada só.
Gran Titan, Titan Jr. e Flash King
Volta e meia aparecia o Dr. Tokimura na série, um cientista inventor da máquina do tempo que sonhava voltar 20 anos atrás, época em que teve um filho raptado por caçadores espaciais. Nesse tempo sua esposa e ele perderam a memória e não conseguiam se lembrar nem do sexo da criança (aff, só porque todo japonês é igual?). Depois a esposa do Dr. Tokimura se lembra de que a criança era uma menina. No penúltimo episódio, Sara (Yellow Flash) descobre ser ela essa criança (hoje em dia um simples exame de DNA resolveria tudo).
Ai, ai...
No time dos vilões, destaque pra gatíssima Néfer (a atriz Sayoko Hagiwara já tinha sido a Dyna Pink em Dynaman) e Wandar, que no início era meio trapalhão, mas depois vira o invencível Wandalo, cujo golpe apelão pra caramba é "Espada Demoníaca: Tempo congelado em 3 segundos". Enfim, as aventuras dos Flashman são consideradas mais adultas que as dos Changeman, mas eu não penso assim. Apenas teve um roteiro mais elaborado. Difícil dizer qual série supera a outra, embora eu tenha um carinho muito maior pelo Esquadrão Relâmpago Changeman. No fim das contas, pra quem acompanhou o primeiro “boom” de séries japonesas a invadir o Brasil, esta com certeza é uma das melhores.


MASKMAN
Pra completar a sequência no Brasil, veio Hikari Sentai (Esquadrão da Luz) Maskman, série de 1987. Lançada no Brasil em 1991 como Defensores da Luz Maskman, possui 51 episódios e 1 especial de cinema. Maskman corrigiu os erros de Changeman e Flashman com um enredo muito bom, sobre um povo que vive nos subterrâneos da Terra pacificamente ao lado de outras criaturas. Depois de desfazer a união das princesas Ian e Igan, o Rei Zehba sobe ao poder, agora querendo dominar a superfície. A princesa Ian foge pro nosso mundo e conhece Takeo (futuro Red Mask).
Mina Asami fez a Princesa Ian, a vilâ Igan (acima) e filme de mulé pelada
O primeiro episódio também se mostra bem diferente das séries anteriores, com os personagens aparecendo um a um, e o ar de que eles são os heróis, mas não mostram de cara do que são capazes. A cena inicial de Takeo disputando uma corrida e a sua amada Miho surgindo em sua frente pedindo socorro, se bem trabalhadas hoje em dia, daria um ótimo filme de aventura, com personagens bem moldados e uma história que poderia, sim, transformar um simples super sentai em algo mais próximo de Os Vingadores, menos caricato e mais verossímil.
A galera com Shaka de Virg...quer dizer, Chefe Sugata
Orientados pelo Chefe Sugata, Takeo e mais quatro amigos passam a lutar para preservar a luz e a liberdade. Com um tema zen-oriental, os guerreiros obtêm todos os seus poderes através da meditação, com a qual conseguem elevar a mente até gerar a Aura Mask. A série deu continuidade à inovação dos 2 robôs, sendo a primeira a ter um robô composto de 5 partes e uma segunda bazuca. 
Cada um com seu gesto pra despertar a Aura Mask
Alguns detalhes são realmente bastante apurados pra um sentai. Por exemplo, você já se perguntou como é possível que nessas séries a equipe surja do nada quando um monstro está à solta, e como eles saem tão rápido da base e chegam onde estão ocorrendo os ataques em questão de segundos? Em Maskman a base está interligada a uma espécie de ferrovia que fica no subsolo, com caminhos para pontos estratégicos da cidade, onde rodam pequenos trens-bala supervelozes. Isto explica porque os coloridinhos nunca se atrasam pra cumprir o dever. Em diversos episódios esses trens são mostrados e quebram um galho gigantesco quando os Maskman estão com a corda no pescoço. Maskman não teve o mesmo sucesso no Brasil que Changeman e Flashman, talvez pelo tema mais adulto ou aquela enjoada comum depois de 3 anos de reprises. Mas olhando pelo lado técnico, com certeza é a melhor entre os três.

No próximo post sobre as gangues japonesas que adoram socar monstros, vou falar sobre quatro séries "duca" que infelizmente nunca chegaram por aqui. See ya later...

Um comentário:

  1. Já pensou se fosse no Brasil? Depender da CPTM ou do Metrô pra atender uma emergência? Kkkk

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