segunda-feira, 30 de junho de 2014

TOP 5: HERÓIS QUE VENCERAM SEUS CLICHÊS

Alguns super-heróis são referência. Super-Homem encarna a cidadania obediente, o Homem-Aranha está prestes a virar um adulto e o Morcego Verde representa a vontade e superação para combater o mal.
Outros ainda ficam meio presos ao momento de sua criação, caso dos X-Men (esse papo de racismo não cola mais faz tempo) e Capitão América (apesar que guerra e patriotismo são clichês dos americanos). No entanto, alguns personagens sobrevivem ao tempo e acabam se reinventando, provando que uma mudançazinha em um personagem nunca faz mal a ninguém.


5º lugar: GLADIADOR DOURADO 
Quem é:
Um guarda de segurança que volta a 1986, porque era quando idiotas queriam ficar ricos e famosos na marra. Ele é mais vendido do que pastel na feira, e se ele salva a sua vida, pode deixá-lo em perigo de novo para que a imprensa possa filmar o seu lado bom.

Como era na origem:
Se você já assistiu “Sessão da Tarde”, sabe que o mundo inteiro consistia em duas coisas nos anos 80: atletas e nerds, muitas vezes competindo por um troféu e o coração de uma garota. Gibis de super-heróis são onde os leitores fantasiam sobre ser forte como um atleta, mas tipo como um nerd, e o Gladiador Dourado vira a mesa como um trapaceiro louco por dinheiro. Era um atleta que manipulava os resultados dos próprios jogos, mas foi descoberto e expulso dos esportes. Indo trabalhar em um museu de super-heróis, rouba bugigangas e uma máquina do tempo pra realizar o sonho de ser um super.

Como ficou:
Se enchendo de metal. Ele faz amizade com o Besouro Azul, o inventor gordo que virou super-herói. Acaba ficando mais agradável, e todos nós aprendemos algo sobre não julgar os outros por rótulos. Ele vira um dos maiores heróis da Terra com métodos anônimos e viagens no tempo. Ele percebe que a fama é muito anos 80, apesar de ter usado Shakespeare como um de seus disfarces.


4º lugar: CRISTAL
Xanadu puro aqui, mas por que o Ciclope tá cego?
Tudo que seus olhos fazem não é emitir luzes brilhantes?
Quem é:
Cristal é uma mutante que pode transformar som em luz e boca de sino numa coisa fabulosa. Ela recusou um trabalho com os X-Men porque seu primeiro amor é a disco - e a discoteca nunca vai morrer.

Como era na origem:
A impressão de quadrinhos tem um prazo de execução de três meses, ou seja, qualquer moda em um super-herói morre nesse tempo. Agora você sabe porque Cristal estreou em fevereiro de 1980. Se ela tivesse sido impressa alguns anos antes, Olivia Newton-John teria processado a Marvel com uma dança sensual, mas a década mudou, a emoção se desgastou e os americanos, envergonhados, nunca concordaram em falar sobre o que tinham feito nos anos 70.
Exceto os Ramones.
Cristal geralmente estava muito ocupada em turnês pra participar de batalhas com os X-Men, e quando ia usava patins pra lembrá-los que eles estavam perdendo seu tempo. Ela não sofreu muito preconceito, porque ninguém jamais odiou loiras ágeis com o poder de fazer um grande concerto. Cristal provavelmente tinha mais bronca de passar pra idade adulta do que de ser uma mutante.

Como ficou:
Onde quer que exista um personagem de quadrinhos, tem um fã morrendo de vontade de escrever uma série de 100 números pra ele, e esse número multiplica-se rapidamente quando o personagem é uma das X-Mulheres mais gostosas. Pegue o fato de que tanto os fãs de música ou mutantes gostam dela e você tem um verdadeiro cult, apesar de ser a versão da Marvel do Stu Disco.
Espero ver a Lady Gaga vestindo isso ainda.


3º lugar: LANTERNA VERDE 
Quem é:
Guy Gardner era um Lanterna Verde descartável que acordou um dia com uma nova personalidade machista. A DC pegou Howard Chaykin pra projetar uma versão fascista do uniforme do Lanterna Verde, com cabelo cortado à escovinha e botas de marujo.

Chaykin era, aparentemente, o cara certo pra esse tipo de coisa.
Como era na origem:
Caricatura política.
Ele (Gardner, não Chaykin) invadiu a Rússia quase começando uma guerra nuclear. Ele tentou eliminar o problema dos sem-teto eliminando os desabrigados. Ele acreditava que as mulheres devem ser vistas, mas não ouvidas, a menos que elas estivessem fingindo um orgasmo. Ele literalmente puxou a capa do Super-Homem. Não havia nenhum problema tão perigoso que Gardner não entrasse de cabeça.

Como ficou:
O roteirista Keith Giffen prendeu Gardner em uma versão cômica da Liga da Justiça e tornou sua provocação nuclear uma comédia insuportável. Como as piores estrelas de reality show, ele era um canalha fascinante que mantinha o grupo animado.
A Liga da Justiça ficou engraçada até um democrata virar presidente. Aí os gibis viraram uma menina de 15 anos que se apaixona por qualquer idiota em uma jaqueta de couro: duas qualificações que Gardner tinha.
E ombreiras. Ah, anos 90.
E Gardner continuou firme, socando qualquer um que tentasse tirá-lo dos gibis. Aqueles de vocês que viram o filme “Lanterna Verde” sabem que há milhares de Lanternas, e aqueles de vocês que não viram “Lanterna Verde” saibam que deixaram de fora o único que é divertido. Nerds gostam de argumentar qual Lanterna é o mais phodão, mas Guy com certeza é o que arranca mais risadas. 


2º lugar: LUKE CAGE e PUNHO DE FERRO
Se você tem que contratá-los, eles realmente são heróis?
Quem são:
Luke Cage foi um prisioneiro inocente que se tornou super em um experimento de invulnerabilidade, pois a nação queria condenados indestrutíveis. Punho de Ferro não foi o primeiro artista marcial da Marvel, mas ele era o único branco (foi mal, Shang-Chi), o que o fez comercializável, apesar de sua roupa imbecil. É praticamente o  Elvis da Marvel.
Como eram na origem:
Rápido: cite dois gêneros cinematográficos mais populares dos anos 70. Se você disse faroeste e filmes de gângster, tá certo. Mas os ingressos custavam cerca de um dólar, caro demais pra criadores de quadrinhos. Os únicos filmes que o pessoal da Marvel podia ver no cinema eram as matinês: blaxploitation e kung-fu.

Como ficaram:
Foi estranho. Nos anos 70, as pessoas estavam confortáveis em companhia inter-racial, gostavam de combate ao crime e discoteca (e o visual dos dois ganharia várias fãs nas pistas de dança). O cancelamento apareceu pros dois personagens, mas se você sabe uma coisa sobre Luke Cage é que ele não vai a lugar nenhum até que seja pago.
Luke Cage fala com Dr. Destino como se ele fosse uma cadela.
A única maneira de seguir em frente foi juntá-los em um título de policiais amigos, do tipo Máquina Mortífera. Com meio público pra cada um, esses dois estrelaram o maior gibi já escrito sobre um condenado de blusa canário e seu amigo que adora chinelos. Não há cultura, religião ou sexualidade preparada pra esse tipo de incompatibilidade. Eles fizeram uma boa equipe, saindo do gênero clichê que foram criados pra ir pra outro gênero clichê. Mas pelo menos mudaram de ares...


1º lugar: JUSTICEIRO
Quem é:
Frank Castle era um fuzileiro naval que sobreviveu a três passeios no Vietnã apenas pra ver sua família morta por mafiosos num piquenique. Ele declarou guerra contra o crime, que começa com essa ameaça ao Homem-Aranha.

Como era na origem:
Um veterano do Vietnã enlouquecido que não distingue amigo de inimigo foi uma idéia usada cansativamente em Taxi Driver e Platoon. Muito lenta, Hollywood. O Justiceiro que começou essa onda de violência pós-traumática. O único veterano conturbado que estreou antes foi Rambo, na versão em livro, mas ele estava tentando viver e deixar viver.
Mas Vietnã é notícia velha, baby. Estão explodindo países menos úmidos hoje em dia. Isso é má notícia pra relevância do Justiceiro. Seu personagem é amarrado no que a guerra suja significa para a psique nacional e os maus-tratos aos seus veteranos.
Como ficou:
Caramba, ele é o Justiceiro. Sobreviver é tudo o que ele sabe fazer. Tá lá na sua origem, quando a sobrevivência vira sua maldição. A Marvel tentou matá-lo quatro vezes, e ele só volta mais existencial. Nesse ponto, ele é um homem de 60 e poucos anos de idade, que foi ressuscitado dentre os mortos mais vezes do que Keith Richards. 
Mais ou menos isso...
A Marvel mantém o Vietnã integrante de sua história, porque o ódio previne rugas. O Justiceiro dos gibis é vítima de violência sem sentido, e vê a sociedade como uma mentira construída sobre as verdades da selva. Ele é um homem em uma guerra invencível contra a natureza humana. O Justiceiro dos filmes, que são fracos, é alvo de um golpe da máfia por ser um bom policial, enquanto está sendo caçado pela lei.

Isso mostra (pelo menos pra mim hehehe) que é possível mudar um personagem sem piorá-lo. Sair da mesmice, reinventar...apesar que existem algumas reinvenções de doer. Mas fica pra um próximo post. See ya later...

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