quinta-feira, 13 de março de 2014

BRUCE LEE: IMORTAL

Consegue imaginar ele com 72 anos, de cabelo branco? Pois é, nem eu. A imagem eternizada na mente de todos é do lutador invencível, com cara de rebelde, que soltava gritinhos enquanto dançava e cacetava todo mundo que aparecia pela frente. O pior é que a morte fez bem ao Mestre Bruce, que deixou 4 filmes e meio e um mito incrível. É difícil de imaginar como seriam seus filmes depois que ele passasse dos 50, 60 anos.

Quando Operação Dragão (Enter the Dragon) estreou nos EUA, em agosto de 1973, foi como um achado no meio de tanto lixo que vinha de Hong Kong, filmes de kung-fu baratos e tão cheios de enredo quanto um pastel de vento. Operação Dragão era um tipo de 007 com molho de soja. O astro do filme, um chinesinho magrelo e saltitante que derrubava uma gangue de bandidos só com os punhos e pés, era de um impacto cinematográfico incrível, uma mina de ouro pra ele mesmo e seus produtores. Mas o filme tinha um detalhe esquisito: Bruce Lee já estava morto.
Duelo na sala espelhada em Operação Dragão: imagem icônica

No dia 20 de julho de 1973, seu produtor Raymond Chow deixou Bruce no apartamento da atriz Betty Ting Pei para acertarem os detalhes finais sobre a participação dela no filme O Jogo da Morte. Ele sentiu dor de cabeça e Betty lhe deu uma espécie de “superaspirina” chamada “Equagesic”. Às 19:30 sentiu-se mal e deitou-se. Duas horas depois chegou Raymond para irem juntos a um jantar. Tentou acordá-lo sem sucesso, se encaminhando para o Hospital Rainha Elizabeth, onde morreu. Causa da morte: edema cerebral possivelmente provocado por alergia ao medicamento que tomou.

Como Kato em O Besouro Verde
Lee Jun Fan, seu nome de batismo, nasceu em São Francisco em 27 de novembro de 1941 e, como era filho de um ator, estreou no ramo com 3 meses de idade, no colo do pai em uma peça. Quando a família retornou para a Ásia, Bruce (o nome ocidental, ficando o sobrenome oriental) começou a mostrar sua personalidade hiperativa. Aos 7 anos era escalado para papéis de trombadinha ou membro de gangues. Adorava brigar, se tornando um adolescente problemático. Com tanta confusão, acabou enviado de volta à América pelos pais, canalizando sua energia para as artes marciais, onde acabou virando instrutor. Em 1966 finalmente saiu do anonimato, sendo chamado para o seriado Besouro Verde, onde virou o motorista Kato. Chamou a atenção de Hollywood, mas foram os irmãos Chow que chegaram primeiro pra comprar o passe de Bruce para um papel principal em O Dragão Chinês (The Chinese Connection). A briga na fábrica de gelo é um momento clássico no cinema de kung-fu. O filme custou 100 mil dólares (parecia ter custado mil...) e rendeu alguns milhões na Ásia.

Fúria do Dragão: final trágico
Como os chineses faziam um filme atrás do outro, o segundo filme de Lee saiu só 5 meses depois: A Fúria do Dragão (Fist of Fury), em que é apresentado um dos ícones mais populares do gênero: os nunchakus. Grandes lutas, os gritinhos e a cara de arrogância de Bruce, olhando o oponente com o nariz empinado, levava os fãs ao delírio. Ainda mais na última cena: Bruce sai do templo cercado para enfrentar os policiais e dá uma voadora, pulando para a morte, a imagem congela. O Vôo do Dragão (The Way of Dragon) foi o próximo, e Bruce começou a se internacionalizar. A luta final é no Coliseu de Roma, tendo como adversário o futuro astro Chuck Norris, que apanha mais que cachorro magro em porta de açougue.

A surra que Chuck Norris leva é memorável.

Após o sucesso de Operação Dragão, esses outros filmes tiveram distribuição acelerada no Ocidente e os cinemas chegavam a mudar os nomes dos filmes toda hora pra enganar os trouxas. Enquanto as bilheterias estouravam no Ocidente, a indústria chinesa não se conformava com sua morte. O filme inacabado O Jogo da Morte (The Game of Death) foi lançado no escândalo de sua morte, usando cenas de luta de Bruce e “sósias” para completar o filme. A picaretagem só não foi maior por conta da luta contra o gigantesco Kareem Abdul Jabbar, que o pequeno dragão enfrenta de igual pra igual até dar a gravata fatal. Grande momento do cinema de combate.
Apesar dos trocentos “Lees” que vieram depois dele e os filmes que usavam as palavras fist, fury, dragon, connection, enter, game e death na esteira de seus sucessos, Bruce até hoje não foi superado. Um cult indiscutível.

O duelo com Kareem Abdul Jabbar é um marco nos filmes de luta.




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