sexta-feira, 16 de outubro de 2015

TOP TRIN: GIBIS QUE TRATARAM DE ASSUNTOS SÉRIOS E FALHARAM HILARIAMENTE

Gibis, ocasionalmente, costumam frequentar a mente dos jovens depois do horário da escola (pelo menos na minha época). E quem melhor pra lidar com questões mais adultas e introduzir as crianças ao maravilhoso mundo dos telejornais do que os personagens de histórias em quadrinhos? Mas nada do preconceito de X-Men ou o feminismo da Mulher-Maravilha. São assuntos mais cabeludos do que este que vos fala. Temas como:


5º LUGAR: SUPER-HOMEM vs. TRAFICANTES DE DROGAS
Escrever Super-Homem não deve ser muito difícil. Ele voa, soca asteroides e dispara lasers dos olhos. Poucas coisas são tão divertidas. O problema é que um monte de roteiristas do Azulão, em vez de lidar com questões como "o Super-Homem consegue furar um buraco negro?", preferem lidar com "será que realmente precisamos de um Super-Homem?" e "qual é o lugar do Super-Homem no mundo?" Essas questões tornam-se completamente desnecessárias na próxima vez que um exército de robôs do futuro pousa em Metrópolis (a propósito, as respostas são "sim" e "no lugar em que soca os caras maus").
Magina.
No arco "Solo" o Super, depois de uma crise de fé, decide parar de voar e caminha sem rumo pelos EUA pra encontrar seu verdadeiro eu. Em que tipo de aventuras ele tropeçou durante suas andanças? Bom, numa delas ele se encontra com: 1) ou os mais phodões ou 2) os mais estúpidos traficantes de crack do mundo.
Olha, não importa o tanto de crack que você tem no cérebro: você não pode insultar pessoas que podem pegar sua cabeça e espremê-la como se fosse uma latinha vazia. O Super-Homem não faz isso: em vez disso, ele usa sua visão de calor pra queimar todos os esconderijos de crack e as casas onde estão. O que, embora seja divertido pra um piromaníaco, provavelmente foi menos útil do que voar a supervelocidade até a delegacia mais próxima e dizer-lhes que tem um bando de idiotas que descaradamente vendem crack nas ruas e guardam seus bagulhos dentro de suas próprias casas.
Mas tudo bem, ele sacaneou ou caras maus, OK? Só que depois disso ele envia uma criança pra entregar uma mensagem pros traficantes.
"Leva um recadinho pra mim?"
Issaí, Super-Homem enviou um garoto de 10 anos pra falar com um bando de drogados, confiando que eles não ameaçariam um garotinho se ele estiver sob proteção do Super-Homem, logo depois que acabamos de ver que eles eram muito estúpidos pra mexer com o Super quando ele estava bem na frente deles. A única coisa que vai sair dessa situação é que a ciência finalmente vai ser capaz de responder quantos canivetes cabem no corpo de uma criança.

Agora, o que o Azulão fez foi basicamente inútil, já que os crackeados só vão fazer mais crack e se instalarem em outro lugar. Até o garoto sabe o quanto isso foi estúpido, porque sabe que foi enviado numa missão suicida. Aqui está a resposta do Super:
Tudo o que o Super fez foi mudar os nóias de lugar e depois declará-los problema de outra pessoa. Piada. Principalmente quando não dá pra pensar numa boa razão pra que ele continue sua caminhada de auto-descoberta ao invés de prender alguém e torná-lo problema de ninguém.


4º LUGAR: CAPITÃO AMÉRICA vs. TRAFICANTES DE DROGAS
Capitão América parece ser o perfeito porta-voz "Não use drogas" até que você lembra que ele usou um "soro do super-soldado" que o deu músculos do tamanho de bolas de basquete e o fez se tornar um super-herói. Isso o torna o Maradona dos super-heróis e a segunda pior pessoa pra estrelar uma história em quadrinhos sobre abuso de substâncias depois de Pablo Escobar.
"O Capitão América vai para a guerra contra as drogas" é uma história épica que se estende por dois gibis, o que não tira o mérito de ser estúpida. Na história, o Capitão América se une aos Novos Guerreiros, uma equipe de super-heróis que inclui um cara chamado pelo nome da mistura de heroína e cocaína:
Eles estão lutando com uma equipe de super vilões que são baseados em drogas: Weed, que tem o poder de atirar fumaça; Crack, o fortão; Ms. Fix, que atira agulhas; e Ice, que atira gelo.
"Peraí... Speedball é membro nosso ou dos caras?"
Esses caras costumavam ser viciados em drogas, mas foram abduzidos por aliens e ganharam poderes, com o inconveniente de que se parassem de consumir as drogas alienígenas, eles morreriam. Falando de morte, o gibi praticamente matou qualquer esperança de usar um gancho contra as drogas ilegais reais.
Pois é mano, a casa caiu. Digo, a ponte...
Uma coisa é ser uma história que não consegue passar sua mensagem pública, outra é passar uma mensagem completamente errada. O que nos leva à cena onde Ms. Fix diz a uma das heroínas que os alienígenas podem corrigir suas pernas, mas o problema é que ela terá que tomar analgésicos.
Opa, opa,opa, peraí! Esse gibi dá a entender que seria ruim passar por uma cirurgia, pois isso significa que você vai tomar drogas que causam dependência, como analgésicos? Porque analgésicos são algo que você tem que tomar depois de quase qualquer tipo de cirurgia. É como se fosse uma história sobre segurança nas estradas que apenas aconselha as pessoas a nunca ficar dentro de um carro.
"Quantas doses?"
A heroína aceita a oferta, mas é apenas uma armadilha pra sua equipe e o Capitão América entrarem na nave dos alienígenas. Em seguida o pau come, os alienígenas são derrotados, a nave explode e Capitão e os Novos Guerreiros escapam enquanto os pobres vilões morrem queimados enquanto tentam encontrar a substância que os mantém vivos.
Nada a fazer? Bom, talvez tentar resgatar aqueles pobres viciados em drogas que foram transformados em monstros e foram forçados a nos atacar. Ah, phoda-se, eram viciados...


3º LUGAR: MICKEY MOUSE vs. HOMOSSEXUALIDADE
Aqui nós temos o item mais antigo na lista: uma história em quadrinhos do Mickey de 1931. Sim, você sabe que vai pra um lugar tenebroso.
Ela começa com Mickey visitando seu vizinho Kat Nipp, que a julgar pela placa no quintal parece ser um cara muito assustador. Aquilo é um barril no lugar da chaminé? Merda, esquece o que eu falei. Quer usar um barril como chaminé? Claro, você manda, Nipp. Não tá nem aí de ter uma lareira num barraco? Tudo bem, só não me mate, cara! Mas, como vemos a seguir, ele não é o Sr. Nipp, só um amontoado de estereótipos homossexuais.
Huuummm, ele é só o padeiro? Ia soltar uma piada, mas deixa pra lá...
Agora é hora de mostrar às crianças de 1930 como a tolerância funciona, Mickey!
"Toma isso, seu queima-rosca."
Mickey, seu malandrinho, você nunca aprende. E fim. O que, você queria mais? Não, essa foi toda a piada: Mickey encontra um gato gay e, em seguida, o chuta por ser gay. Isso foi considerado uma mensagem iluminada em 1931 - antes disso, Mickey o teria esfaqueado.


2º LUGAR: TROPA ALFA vs. AIDS
A Tropa Alfa seria o equivalente canadense dos Vingadores e, durante anos, os roteiristas tentaram tornar um dos membros, Estrela Polar, no primeiro super-herói abertamente gay da Marvel. Um escritor até começou, mas acabou descartado numa história onde Estrela Polar contrai uma doença misteriosa que mais tarde é revelada como AIDS, que ele contrai por seu devasso sexo gay, e a história acabaria com a morte de Estrela Polar, porque "ele é gay, e por isso É CLARO que ele vai morrer de AIDS em algum momento". Mas, em 1994, não podiam insistir de envolver Estrela Polar num enredo sobre AIDS. Porque, você sabe, ele é gay.
"Você acha??"
Ela começa com Estrela Polar encontrando uma bebê recém-nascida numa lata de lixo e levando-a pro hospital mais próximo. Os médicos descobrem que a bebê é HIV positiva, e a Tropa Alfa a adota como membro honorário. Apesar do ataque do Mr.Hyde na mesma edição, era um dia de notícias chatas no Canadá, então a mídia arma um oba-oba por causa da pobre bebê. E foi aí que as coisas ficaram estúpidas.
A edição 106 de "Alpha Flight" orgulhosamente nos apresenta o Major Plátano, um aposentado super-herói canadense que lutou na 2ª Guerra Mundial ao lado do Capitão América. Sim, o peculiar Major Plátano. Lógico que com um nome desse, ele tem que ser um baita clichê canadense, certo?
Ele é tão canadense que caga bacon. Bacon elegante.
Nós descobrimos que o bom Major tinha um filho que era gay e (é claro) morreu de AIDS. Agora ele está com raiva porque todos no Canadá estão comovidos com a pequena bebê e ninguém fez um oba-oba na mídia pelo seu filho. Então o que ele pretende fazer? Apenas invadir o hospital e matar aquela bebê com seus super punhos. Ótima idéia, Major! Ninguém vai sentir pena de uma bebê com AIDS depois que ela for esmagada por um sociopata.
Claro que Estrela Polar discorda do belo plano do Major e decide fazer o que o Canadá lhe paga pra fazer, que é socar as pessoas. O Major lhe explica que ninguém pode compreender a dor que seu filho passou, mas Estrela Polar entende porque... *ai ai* Ele é gay!
Depois de um par de abraços, o Major se acalma, então ele e Estrela Polar voltam ao hospital, onde eles aprendem que a Assistência Médica Canadense decretou que a bebê é a próxima a morrer.
Qual o problema com as pernas desse cara?
Ah, agora o Major e a Tropa Alfa são amigos, porque todo mundo esqueceu que o velho maluco derrubou um muro do hospital com a finalidade específica de varar um bebê com as próprias mãos.
Depois dessa história, a homossexualidade de Estrela Polar quase nunca foi mencionada. Pra todos os efeitos, ele estava de volta ao seu armário. Pelo menos até o início do século 21, quando a Marvel permitiu aos roteiristas escreverem sobre um homem gay novamente.


1º LUGAR: SUPER-HOMEM vs. IMIGRAÇÃO ILEGAL
Essa é uma história de imigração estrelada pelo Super-Homem, um personagem imigrante criado por dois rapazes filhos de imigrantes - que queriam criar um personagem pra ensinar aos americanos que os imigrantes são realmente úteis. No entanto, Super-Homem tecnicamente vive ilegalmente nos Estados Unidos sob uma identidade falsa durante anos. Ele não está exatamente em posição de palestrar aos outros sobre o crime de imigração ilegal sem parecer... qual é a palavra? Ah tá, um grande hipócrita.
Nessa edição, o Super-Homem encontra um grupo de estrangeiros ilegais (do espaço sideral, não os mexicanos) que fugiram de seu planeta natal porque foi conquistado por algum império espacial do mal que transformou sua casa num horror. Se fosse uma história normal do Super, ele reuniria seus superamigos, voaria até aquele planeta e botaria pra correr os ditadores espaciais. Como você já deve ter adivinhado, essa não é uma história normal. O Super-Homem não é legal com esses novos visitantes que aparecem e querem tomar os empregos dos americanos. 
Vou falar o que? Então imigrantes correndo por suas vidas têm que calcular o valor líquido de sua existência pra você deixá-los entrar? Porque eu não lembro do Super-Bebê ter feito isso quando seu foguete caiu no Kansas.
Com um olhar de raio laser nos méritos de seu argumento, o Super-Homem então, basicamente, apenas afirma que a imigração ilegal é permitida em algumas situações. Seria apenas melhor se você escolhesse um momento mais conveniente pra isso.
"Oh, eu sinto muito, Super-Chorão. Minha família escolheu um momento errado em sua vida pra tentar sobreviver? Tudo bem, nós vamos voltar pro nosso planeta e pular de volta nas minas de ácido até você se sentir melhor sobre a minha família viver num inferno. Que tal semana que vem?"
Ah, o Super aparentemente também é o supremo juiz do Tribunal do Super-Homem nessa edição. Por que não deixar eles desembarcarem e deixar o país decidir o que fazer?

Se isso faz você se sentir melhor, Super-Homem permite que os estrangeiros fiquem no final, mas só depois deles usarem sua tecnologia pra salvar a vida de um idoso e, em seguida, seu dinheiro pra comprar uma fábrica e contratar um monte de pessoas locais. Então, sim, esse Super-Homem não é contra a imigração ilegal, desde que você o suborne.

Para mais ofensividade nas histórias em quadrinhos, veja OS SUPERPODERES MAIS IMBECIS e RESSUSCITAÇÕES RIDÍCULAS.

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3 comentários:

  1. Caraca, que SUPER post! Hahahahaha
    Muito bom! Parabéns pelo trabalho!
    Continue assim!!!

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  2. Bom pra caralho
    Essa do Esquadrão drogado é nova, deve ser aquelas pérolas dos anos 90, mas na minha concepção, o fato do Capitão e companhia lutarem contra vilões que tem nomes e características de drogas comuns tem uma clara intenção de servir como uma campanha antidrogas,ou seja, você personaliza os psicotrópicos e coloca o Capitão (que representa os EUA) combatendo esse mal ao lado de uma galerinha do bem...só faltou uma mexicana chamada MariJuana
    Tropa Alfa pela arte do Robbie Liefield já é uma droga por si mesma

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  3. Muito bom, meu velho.
    Faltou a edição especial do Homem-Aranha lançada em prol aos ataques do 11 de setembro de 2011.

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