domingo, 30 de novembro de 2014

ROBERTO GÓMEZ BOLAÑOS

Suspeitei desde o princípio.
A certeza da morte é a coisa mais garantida e chata da vida, mas quando ela chega a gente sempre reclama que ela veio na hora errada. Roberto Gómez Bolaños morreu umas 7 ou 8 vezes nos últimos 15 anos, com boatos que sempre pegavam a gente de surpresa. Sua ida definitiva nos pegou desprevenidos, mesmo sabendo de todos os problemas de saúde que ele enfrentava há tempos. Resta a saudade e o agradecimento a um mestre do humor simples, inocente e excelente. Não por acaso, seu apelido Chespirito era um diminutivo espanhol para Shakespeare.
Nascido em 21 de fevereiro de 1929, Bolaños se formou em engenharia, mas sua tendência era mesmo o humor. No fim da década de 40, passou a ser roteirista de rádio e televisão. Seu sucesso o levou, em 1968, para a TV TIM, em programas de meia hora aos sábados, "Los Supergenios de la Mesa Cuadrada" e "El Ciudadano Gómez". Nesses programas ele descobriu sua veia de ator.
Em 1970, a emissora aumentou pra uma hora a duração das transmissões, passando pras segundas-feiras às 20 horas. O nome do programa mudou pra "Chespirito", com vários personagens dele. Nesse ano nasceu o Chapolin e, no ano seguinte, El Chavo del Ocho. Fizeram tanto sucesso que acabaram ganhando séries próprias, conquistaram a América Latina e eternizaram um elenco fora de série.
A chegada ao Brasil se deve muito mesmo a Sílvio Santos, que no início do SBT investia em produções latinas para a grade da emissora. Depois de assistir várias fitas só com o filé das novelas e séries mexicanas, faltava ainda uma fita. Um dos diretores avisou que o acordo pra ter os direitos de transmissão era de comprar todas as fitas. Nessa última, Sílvio viu um menino pobre, outro rico, uma menina sardenta, uma mulher de avental azul, uma produção bem capenga se comparada aos outros programas do pacote. O custo pra dublar e pôr no ar não valia a pena, mas o "Patrão" solicitou 10 episódios dublados como teste. No dia da reunião com os diretores pra avaliar, todos disseram "NÃO" praquele seriado fraco de dar dó. Sílvio agradeceu a opinião e disse: "Vou comprar". Finalmente, em 1984 "Chaves" estreava no programa do Bozo. Exatos 30 depois nos despedimos de seu criador. O garoto órfão deixa muitos órfãos, sem querer querendo.
Pra relembrar (como se fosse necessário hehehe), aqui vai a lista de sempre do blog, com os melhores episódios de "Chaves".


5º LUGAR: O DESPEJO DO SEU MADRUGA
No dia em que finalmente os 14 meses de aluguel viram 15, Seu Barriga dá ordem de despejo ao Seu Madruga. Ajudando a empacotar as coisas, as crianças descobrem um álbum de fotos, que revela histórias do passado do lombriga esticada, como o nascimento da Chiquinha e a chegada do Chaves na vila. Dona Florinda também folheia um álbum, onde vemos o pai do Kiko. Barriga passa o episódio inteiro como vilão, mas no final arruma um jeito de perdoar toda a dívida do Seu Madruga.


4º LUGAR: OS FAROFEIROS
Girafales visita Seu Madruga pra dizer que Chiquinha tinha um limpador de pratas na escola. Pressionada, ela confessa que comprou o produto pra concorrer a uma viagem a Acapulco. Para alegria da casa 72 eles ganham, com a Brux... ops, Dona Clotilde indo junto. Florinda também vai "só de marra", acompanhada de Kiko e Girafales. Seu Barriga chega pra cobrar os aluguéis e descobre que todos foram viajar, resolvendo tirar umas férias também. Chaves fica sozinho, mas Barriga o convida pra acompanhá-lo.
A sequência do hotel mostra a turma na praia e na piscina com seus lindos trajes de banho. O roteiro não é lá essas coisas, já que esse episódio (e um do Chapolin) veio de uma parceria da Televisa com o Hotel Hyatt, onde foi gravado. Apesar de ser meio comercial, é legal por ver o pessoal fora da vila.


3º LUGAR: SEU MADRUGA PROFESSOR
PRE - RI - GO
Parceiro de Bolaños desde o início da carreira, Ramón Valdez nunca tinha aparecido no cenário da escola. Isso até Bolaños criar um roteiro que leva Madruga à sala de aula pra não apanhar da Dona Florinda. Ela fica esperando do lado de fora, enquanto Madruga dá a desculpa de que quer tirar o atraso nos estudos. Ao ver sua paixão no pátio, o professor pede que ele tome conta da sala por um instante, onde ele se promove a professor. Ramon literalmente dá uma aula de interpretação com suas explicações sobre aritmética e geometria.


2º LUGAR: CHURROS
Como diz um grande amigo meu, os churros que parecem sardinhas.
Depois de um episódio em que Chaves rouba churros que a Dona Florinda estava fazendo para o Professor Ling... Girafales bem debaixo do nariz dele, o impensável acontece: ela entra em sociedade com Seu Madruga no ramo de vender churros. Após a confusão no preparo dos quitutes e na montagem da barraca, finalmente podemos ver Madruga em seu elegante uniforme. Ramon mais uma vez toma conta do episódio, ajudado pela maravilhosa dublagem de Carlos Seidl. A interpretação é tão perfeita que a sequência em que ele precisa ir desesperadamente ao banheiro passa a impressão de que ele precisava mesmo heheheh. No fim, ao assumir a culpa no lugar do Chaves pelo sumiço dos churros, convence até mesmo a Dona Florinda de que é um homem de verdade.


1º LUGAR: O JULGAMENTO DO CHAVES
Girafales chega com um presente de aniversário para Kiko, um massacote... digo, gato. Aí começa a chuva de piadas do Chaves. Seu Madruga chega com uma bicicleta que usa em seu novo emprego de entregar lenha, e mais piadas são despejadas pelo garoto do barril. Kiko diz que estava contando piadas ao seu gato, que fugiu para a rua pra se livrar do sofrimento. Kiko e Girafales saem pra procurar o bichano, enquanto Chaves resolve ir com a bike. Kiko volta da rua, dizendo apenas "Atropelado". Todos pensam se tratar do Chaves, mas logo ele aparece e Kiko o culpa pela morte do gato. Girafales se dirige à câmera, anunciando que ele será julgado pelo atropelamento.
Na parte 2, a casa da Dona Florinda é transformada num tribunal: Chaves é o réu, Girafales o juiz, na parte da defesa Madruga é o advogado e Chiquinha a testemunha; na acusação Florinda é a advogada e Kiko a testemunha. Com excelentes piadas, o julgamento tem tentativas de suborno (uma mordida) e ofensas, até que Chaves finalmente é inocentado por querer contar que atropelou o gato por desviar do homem que estava parado que num bocó na rua olhando a "dona bonita".

Ora essa, e achou mesmo que essa postagem não teria um super-herói? Vamos aos cinco melhores do Vermelhinho:


5º LUGAR: CHAPOLIN EM ACAPULCO
Um filme sobre o Chapolin está sendo feito no hotel de Acapulco, com Chato Resto no papel principal. O ator abandona as filmagens e Chapolin vem ajudar o diretor a terminar o filme. Pra complicar, uma enfermeira diz que um louco está à solta no hotel, que diz ser o Homem Nuclear (aquele com a famosa corrida em câmera lenta).
Pra não ficar furioso ele deve ser imitado, gerando a cena mais engraçada do episódio. Chapolin se encontra com o produtor do filme (Barriga) e, como não sabem quem é o Homem Nuclear, um pensa que o outro é o louco. Lembrando da ordem da enfermeira, ficam imitando os gestos um do outro sem parar.


4º LUGAR: A FRONTEIRA
Um trio de turistas (Florinda, Carlos e Ramón) está numa caminhonete em uma floresta, quando precisa parar para Carlos dar uma cagadinha. Aparecem então alguns soldados pedindo os documentos e o único que está sem é Carlos, que esqueceu na aldeia onde estavam. Com isso, os soldados dizem que eles serão fuzilados sem dó. Chapolin aparece, indo buscar o salvo-conduto usando cipós. Ao trazer, descobrem que ele dura até as 6 horas da tarde, só que a caminhonete atola a poucos metros da fronteira. Depois de muita lama na cara, o problema é resolvido da maneira mais "Putz, pode crer" possível.


3º LUGAR: O VERNIZ INVISIBILIZADOR
Ramón Valdez (Madruga) está desconfiado que o pintor contratado por ele está roubando seus objetos de cristal. Comprovando isso, o ladrão foge. Sem querer, Ramón derrama um vidro de remédio num balde de tinta, transformando-o num verniz que torna as coisas invisíveis. Chapolin, que foi chamado pela sobrinha, se empolga e começa a deixar invisíveis vários objetos da casa. Ao saber dessa mistura, o bandido troca o balde por um de tinta comum. Enquanto Chapolin usa a tinta amarela pra tentar tornar invisíveis o bigode e as tatuagens de Valdez, o bandido retorna invisível, pois bebeu a poção. Mas o efeito do verniz dura pouco tempo, revelando o bandido.


2º LUGAR: O CONDE CLEPTOMANÍACO
Carlos é o dono de uma valiosa coleção de selos e recebe a visita de um interessado, o Conde Chiuaua, quer dizer, Terranova. Quando o dono vacila, o Conde furta dois deles. A empregada Atadolfa leva a culpa, chamando o Polegar Vermelho pra ajudá-la. Nesse meio tempo o Conde continua surrupiando coisas pela casa, até açúcar. Com sua astúcia Chapolin descobre o verdadeiro ladrão, que confessa sofrer de cleptomania e acaba ajudando o herói a devolver os selos. Na cena em que Chapolin escala o muro depois de tomar a pílula de nanicolina, Atadolfa e o Conde Terranova ficam só olhando. Porque não puseram ele no alto do muro com as mãos? Realmente seus movimentos eram friamente calculados...


1º LUGAR: VELHO OESTE
Episódios no Velho Oeste eram comuns na série, mas dois deles são especiais. No primeiro, toda a cidade teme o bandido Racha-Cuca, até mesmo o xerife (Edgar Vivár, o Barriga), que só usa a estrela pra prender o bolso da camisa. Ele e o banqueiro (Kiko) pedem ajuda a Chapolin, que passa a colar cartazes de recompensa, mas também aproveita pra colar alguns de "Vamos à Disneylândia com o Polegar Vermelho". Aproveita até pra oferecer suas revistinhas para o vilão, logicamente que por medo dele hehehe. No fim, Chapolin vence Racha-Cuca no braço.
Já o segundo mostra dois vaqueiros jogando cartas até que chega a mocinha pra tirar água do poço. Todos no vilarejo estavam com medo de Racha-Cuca, que se disse dono do poço e cobrava 5 dólares ou um saquinho de alfafa pra tirar um balde d'água. Chapolin é chamado pra ajudar e, no confronto com o bandido, os dois caem no poço. Se segurando na corda, começam a se chutar dentro do poço, confundindo os habitantes sobre qual ponta da corda puxar pra salvar o Polegar.
Apesar da produção pobre, o sucesso de Chaves e Chapolin é imenso e inexplicável, deixando a todos nós a frustração de perdermos mais um integrante do elenco. Só nos resta agradecer a esse gênio do humor por todos os momentos de diversão que ele nos proporcionou nesses 30 anos e, com certeza, nos proporcionará pelos próximos 30. Tinha que ser o Chaves mesmo. See ya later...

sábado, 22 de novembro de 2014

Spectreman

"Planeta: A Terra. Cidade: Tóquio. Como todas as metrópoles, Tóquio se acha hoje em desvantagem na sua luta contra o maior inimigo do homem: a poluição. E apesar dos esforços das autoridades de todo o mundo, pode chegar um dia que a terra, o ar e as águas venham a se tornar letais para toda e qualquer forma de vida. Quem poderá intervir?" Spectreman-man-man-man...
Quantas vezes os nerds na casa dos 30 ou 40 anos já ouviram essa introdução? Tenho certeza que muitas, pois assim começavam as aventuras do herói Spectreman, que lutava pra livrar nosso planeta da poluição. Primeiramente exibido na década de 70 na TV Tupi e depois reprisado durante os anos 80 na Record e no SBT, Spectreman fez muito sucesso por aqui, deixando uma legião de fãs saudosíssimos. Marcou época também no Japão, pois provocou a segunda explosão de popularidade entre os seriados de monstros e afins, em 1971, e superou a audiência do famoso anime de baseball "KYOJIN NO HOSHI" durante todo o período em que concorreram.
O episódio piloto que não vingou
A idéia original da produtora P-Production era criar um programa onde "monstros macacos alienígenas" seriam os vilões e teriam o papel principal. Mas a idéia cresceu e se tornou o filme piloto da série, com 8 minutos: "CHOUJIN (Super-Homem) ELEMENTMAN", de agosto de 1970. Nesse piloto o herói aparecia com um visual vermelho, totalmente diferente do que acabou se tornando o verdadeiro Spectreman. Já o vilão, ao invés do Dr. Gori, era somente Karas (Raa, no original). Para viver a versão humana de Elementman foi escolhido o ator e modelo Jiro Dan.
Jiro Dan na série "O Regresso de Ultraman"
Mas esse episódio foi bombardeado pela emissora TV Fuji, nunca sendo exibido. O pessoal voltou pra prancheta, enquanto Jiro Dan passou para a imortalidade como Hideki Goh em "O REGRESSO DE ULTRAMAN". O projeto foi todo mudado, já que em Elementman a boca do herói podia ser vista, que nem a máscara do Capitão América. Assim como o filme "GODZILLA", de 1954, a intenção original era ser inovador e ter batalhas do Elementman contra monstros em stop-motion, mas o pouco tempo e dinheiro os fez mudar de idéia e voltar para a técnica das roupas de borracha. O que restou disso pode ser visto nos primeiros episódios de Spectreman, numa sequência de abertura, onde podemos ver de relance Elementman atrás do monstro stop-motion. Talvez eles pensassem que ninguém ia notar...
Elementman na abertura de "Spectreman". Xi, faiô...
Depois das mudanças a TV Fuji aprovou e, no dia 2 de janeiro de 1971, a série estreava com o título "UCHU ENJIN GORI" (Gori, o Homem-Macaco Espacial), talvez embarcando no sucesso da série "PLANETA DOS MACACOS". Mas no episódio 21, devido a muitos protestos dos telespectadores, foi alterado pra "UCHU ENJIN GORI VERSUS SPECTROMAN" e finalmente, do capítulo 40 em diante, somente "SPECTROMAN" (Spectreman é o título fora do Japão).
Tetsuo Narikawa, o rosto de Spectreman
Na história, o brilhante gênio da ciência do planeta Épsilon, Dr. Gori, foi escolhido pelo povo como seu líder. Mas ele achava que sua tecnologia superior foi feita pra ser usada para a guerra e conquista intergaláctica. Gori foi julgado e condenado a um processo em que o seu desejo para o mal seria retirado de sua mente, pois em Épsilon não havia pena de morte. Só que ele foge com a ajuda de um oficial do exército chamado Karas, que se torna seu braço direito. Juntos vagaram pela galáxia até chegarem à Terra, que cativou Gori com sua beleza. Ele desprezou os seres humanos, porque a humanidade tinha sido abençoada com o mais belo planeta que já tinha visto, mas eles arruinaram o ar e a água, então usaria a poluição gerada por eles para criar seus pavorosos monstros.
"Só não te dou outra porque..."
Entretanto, a Federação Espacial do planeta Nebula 71, construída para proteger planetas subdesenvolvidos da destruição, envia o ciborgue Spectreman para proteger a humanidade. Ele assume a identidade de Kenji e entra para o Grupo Anti-Poluição, onde luta em segredo pra salvar a Terra dos terríveis inimigos. A série teve 63 episódios, exibidos de janeiro de 1971 até março de 1972.
PAN-PAN-PÃRAN-PANPAN...
Kenji não podia se transformar à vontade. Seu poder vinha da nave dos Dominantes e ele precisava pedir permissão pra isso. Sendo atendido, saudava seus superiores com um gesto nazista e respondia: "Às ordens". Muitas vezes o pedido era negado, levando Kenji a se revoltar contra seus mestres e quase virando picadinho de ciborgue. Em forma humana Kenji foi demitido e recontratado pelo Chefe Kurata quase todas as semanas, mostrando que não era um empregado lá muito confiável.
Chefe Kurata, veja, é Spectreman. "Uuuhh, ótimo..."
Ao contrário de outros heróis, Spectreman não usava uma grande quantidade de armas de energia. Como pareciam drenar seu poder, ele partia pra porrada mesmo. Sua principal arma de energia era o Spectre-Flash, que parecia um arco-íris. Suas outras armas eram shurikens coloridos e as Slices, lâminas serrilhadas em cada uma das luvas.
Raio Rainbow Brite, os shurikens de plástico e a luva do Batman.
Porém, os destaques do seriado eram mesmo os vilões. Karas, o capanga puxa-saco, é o mais engraçado, mesmo às vezes matando humanos sem nenhuma misericórdia. A comédia está nas suas tentativas de se disfarçar e passar imperceptível na Terra. Outras são sua tentativa de copiar os gestos de Gori ou quando leva a culpa pela destruição dos monstros.
Um mestre na arte do disfarce.
Dr. Gori, com seus chiliques toda vez que Spectreman detonava o monstro da vez ou com seus gestos megalomaníacos, ganhou mais vida ainda através da sensacional dublagem de Carlos Seidl, o dublador do "Seu Madruga". Por incrível que pareça, quase toda a mensagem ecológica era geralmente dita pelo vilão, que não acreditava como os humanos podiam tratar tão mal esse maravilhoso planeta. Havia horas em que ele parecia ter mais amor pelo planeta do que a maioria dos habitantes da Terra.
"SE EU FOR ELEITO..."
No último capítulo, Gori utiliza a mente de um boxeador em um de seus monstros, tornando-o quase invencível. Mas Spectreman vence o bicho, deixando Karas enfurecido, que parte pra cima de Spectreman. Karas também é morto, restando ao Dr. Gori cometer suicídio. À beira de um penhasco, Spectreman o pede pra usar seu conhecimento para o bem. Gori recusa, dizendo que seu objetivo é a conquista, pois o mal é sempre lembrado, e o bem facilmente esquecido. Enfim, se joga com uma bomba e explode. Spectreman, que havia sobrecarregado sua energias, não pode mais voltar a ser Kenji, tendo que retornar ao seu planeta natal.
Muitas vezes visto como uma imitação "ULTRASEVEN", Spectreman foi um enorme sucesso em todo o mundo, especialmente na América do Sul. O tema de abertura no estilo hard rock é lembrado pela maioria dos fãs internacionais, sendo mais conhecido que o tema original. O sucesso no Brasil gerou uma série de histórias em quadrinhos, que tinha diferenças em relação à TV. Spectreman era azul e prateado ao invés de marrom e dourado, o Dr. Gori tinha cabelos pretos (??) e alguns nomes eram diferentes. Com algumas capas muito bonitas, hoje são cobiçados itens de colecionador.
Para os padrões de hoje, Spectreman deve muito nos quesitos produção e efeitos especiais. Vista hoje por quem nunca assistiu, sempre passará a sensação de ser uma porcaria completa, pois até mesmo o programa do Chapolin passava mais realismo nas cenas de encolhimento do Vermelhinho.
Mas quem assistiu numa época em que monstros de borracha eram mesmo colossos de 30 ou 40 metros e maquetes de isopor realmente eram cidades habitadas vai sentir aquela vontade de ver um episódio novamente. Seja o do pai que vira um monstro que come lixo, o do monstro Semáforon (meu preferido) ou o da OPERAÇÃO GENOCÍDIO. See ya later...

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

TOP TRIN: FUROS DE ROTEIROS

Todo mundo odeia buracos no enredo dos filmes. Pelo menos, é isso que todos dizem. Mas, às vezes, se um filme é incrível demais, as pessoas esquecem até mesmo os furos mais retardados. Pelo menos até que algum babaca como eu faça uma lista com eles. Aproveite:


5º LUGAR: DE VOLTA PARA O FUTURO
O FILME:
Marty McFly volta no tempo, ajuda seus pais a ficarem juntos, inventa o rock and roll...

O FURO:
...e todo mundo imediatamente esquece que ele esteve lá no minuto em que ele sai.

Ninguém percebe que uma marca famosa de roupas mais tarde é nomeada depois dele e, mais importante, ninguém se toca quando sua mãe tem uma criança que se parece exatamente com ele.
Não dá pra saber o que passa na mente de um homem casado quando sua esposa dá à luz uma criança que é idêntica a um antigo amor da adolescência, mas com certeza não é "viagem no tempo". Ou o Papai George esqueceu ou houveram algumas surras secretas na casa dos McFly.
Ainda mais perturbador: o que deve ter pensado a sua mãe? A única explicação em que consigo ver um sentido do ponto de vista dela é que Marty era o Demo (ele inventou o rock and roll, afinal de contas) e a coisa toda é uma espécie de "O Bebê de Rosemary".

Além disso, ela deve ter lembrado da observação final arrepiante de Marty no palco: "Acho que vocês ainda não está prontos pra isso... mas seus filhos vão adorar."


4º LUGAR: O SEXTO SENTIDO
O FILME:
Alerta de spoiler: Bruce Willis está morto. O tempo todo. Mas não sabe disso. Ele apenas descobre que é um fantasma quando vê sua mulher largar o seu anel de casamento.

O FURO:
Mas ele não deveria ter descoberto isso antes? Todos os outros fantasmas do filme parecem estar vagando pela terra, com pouca consciência do mundo exterior. Mas Bruce continuava normal, trabalhando e tendo sua rotina do dia-a-dia, sem se incomodar com o fato de ninguém, apenas uma criança pequena tinha falado com ele em vários meses.
Que tipo de estilo de vida ele tinha antes de sua morte que o faria deixar de notar que ninguém podia vê-lo ou ouvi-lo? Ele acha que sua esposa não está falando com ele porque ele está "negligenciando o seu casamento". Nos dias logo depois que ele morreu, ele pensou que ela estava zangada com ele por levar um tiro no estômago? E o que dizer de todos os outros? Será que ele também acha que de repente todos os garçons são sacanas? Que a caixa do supermercado acha ele feio demais pra fazer contato visual com ele? Que os táxis não param porque ele é careca?
E como é que ele conseguiu o trabalho de tratar o garoto, afinal? Ninguém o contratou, sendo um fantasma. Será que ele apenas se aproxima de crianças aleatórias em igrejas e começa a lhes dar conselhos psiquiátricos de graça? Isso não é maneira de se fazer negócio, sendo fantasma ou não.


3º LUGAR: HARRY POTTER E O PRISIONEIRO DE AZKABAN
O FILME:
No final de mais uma aventura maravilhosa do bruxo, Harry usa um colar mágico de viagem no tempo pra voltar e salvar a si mesmo e seu padrinho dos dementadores do mal.

O FURO:
Esse é realmente um problema na maioria dos filmes que contêm máquinas do tempo. O filme trata a viagem no tempo como uma coisa urgente: "Fizemos isso no passado. Agora só temos alguns minutos pra voltar e parar os dementadores." NÃO, você tem todo o tempo que precisa. É viagem no tempo, caramba. Se você fracassar, basta voltar e tentar novamente.  
"OK, trigésima sétima tentativa..."
Eles também parecem sentir que têm que fazer de imediato, que não há tempo pra esperar. É CLARO que há tempo pra esperar, você tem uma máquina do tempo, porra. Faça amanhã, faça daqui a dez anos. Você já sabe que você conseguiu, você estava lá quando aconteceu. Na verdade, é a única situação em que você poderia estar onde o fracasso é impossível. É a coisa com menos suspense que se pode imaginar, mas eles tratam como um clímax de roer as unhas.  
Compre também o seu.
Estou mexendo com Harry Potter porque depois que eles usam a máquina do tempo uma vez, foi só essa. No resto da saga, todo o mundo bruxo está sob o ataque de um Hitler mágico, e eles nunca mais encontram utilidade na viagem no tempo? Apesar de todas as pessoas que morrem na série Harry Potter (depois de "Azkaban", elas começam a morrer como se fosse um filme "Sexta-Feira 13"), ele nunca volta e salva qualquer um deles? Maldito egoísta.


2º LUGAR: VIAGEM FANTÁSTICA
Você pode não ter visto esse aqui se você é do tipo que se recusa a assistir a filmes de antes de você nascer. Esse é de um tempo melhor, quando os homens eram homens, títulos de filmes lhe diziam exatamente o que esperar (dica: uma aventura que é fantástica) e Raquel Welch em um macacão era a coisa mais próxima de pornografia que um homem poderia chegar.

O FILME:
Uma equipe de cientistas encolhe-se pra ir pra dentro do corpo de um paciente em um pequeno submarino, a fim de corrigir um coágulo de sangue no cérebro. Eles têm apenas uma hora até que voltem ao tamanho normal.

O FURO:
Não peço que você fique dentro dos limites da física, mas que pelo menos siga as regras. No final do filme, o pequeno submarino da tripulação é destruído, mas o time consegue sair do corpo do cara pouco antes de voltar ao normal. O único problema é que eles deixam os destroços do submarino miniaturizado pra trás. É ruim exatamente como você pensou.
E teve gente que se importou com esse rombo no enredo. Quando um dos maiores escritores de ficção científica, Issac Asimov, foi contratado pra escrever a novelização do filme, ressaltou o buraco para os produtores.
Os produtores disseram que o Sr. Asimov poderia calar a boca e mantiveram do jeito que estava. Asimov foi em frente e mudou o final do livro pra fazer sentido. Chupa, Hollywood...


1º LUGAR: GUERRA NAS ESTRELAS - O IMPÉRIO CONTRA-ATACA
Tive que deixar esse como número 1 não por causa do tamanho do furo no enredo, mas porque é GUERRA NAS ESTRELAS, caramba.  Issaí, nerdaiada, o indiscutivelmente melhor da série também tem sua brecha.

O FILME:
Você conhece o enredo, então vamos em frente.

O FURO:
Temos a famosa seqüência em que Luke é treinado por Yoda em Dagobah. Pra quebrar a seqüência, o filme corta para a Millennium Falcon sendo perseguida pelo Império até a Cidade das Nuvens de Lando. Quando eles chegam, são capturados, momento em que Luke terminou seu treinamento.
Isso não funciona. Eles foram perseguidos por meses? Ou foi Luke que treinou apenas em uma tarde? Ou nós fomos poupados de algumas cenas estendidas a bordo da Millennium Falcon mostrando fome e debates sobre quando eles teriam que comer Chewbacca, ou se tornar um Jedi é mais fácil do que conseguir uma medalha de escoteiro.
Todo o processo de treinamento Jedi.
A última explicação parece mais plausível, já que só nos mostra que Luke é mais chorão do que parecia. Fala como um ingrato, está sendo ensinado a ter habilidades de um Deus em cerca de seis horas e reclama no processo todo. Significa também que a insistência de Yoda de Jedis começarem seu treinamento quando crianças não é por causa de um treinamento longo e árduo, mas porque ele se diverte com a idéia das crianças saberem como sufocar um ao outro com suas mentes.
A verdade é que, quando Luke tenta sair, Yoda insiste que a formação não acabou. Mas quando Luke retorna ao Planeta de Pântano em "O Retorno de Jedi" pra terminá-lo, Yoda diz que não há mais nada pra aprender. Em seguida, vemos que o teste final que Luke tem que passar pra se tornar um Jedi é derrotar Darth Vader, o Jedi mais poderoso do universo, o que parece um enorme salto de dificuldade depois de sua sessão de treinamento de um dia. Isso seria como se a fase final do seu teste de habilitação fosse vencer a Indy 500.

Então, pra responder à pergunta: em que ponto George Lucas parou de prestar atenção? No meio do segundo filme, talvez. Mas não parei por aqui, mais brechas de roteiro estão a caminho. Então preste atenção e envie alguns também. See ya later...