domingo, 14 de junho de 2015

TOP TRIN: RESSUSCITAÇÕES RIDÍCULAS

Gibis de super-heróis têm um problema. Eles têm que funcionar infinitamente, então você não pode matar os personagens. Ainda assim, o leitor precisa temer pela vida do herói quando o perigo está perto. Eles resolvem isso matando repetidamente os mocinhos, pra depois trazê-los de volta... muitas vezes da forma mais absurda ou insana possível...

5º LUGAR: HOMEM-ARANHA DÁ À LUZ A SI MESMO

Na história "Transformações", o Homem-Aranha tem que lutar contra a Rainha Inseto, uma vilã ridiculamente poderosa de quem ninguém nunca ouviu falar antes. Seus poderes são relacionados aos insetos, modos que ela pega o Homem-Aranha pra fazer aranhas-bebês (aranhas não são insetos, mas dane-se). A Rainha chuta a bunda dele em sua primeira luta e então começa a estuprá-lo pela boca. Que se parece com isso:
A Rainha deixa o Aranha fugir depois de ter conseguido o que queria. Naquela noite Peter descobre que o beijo teve um efeito colateral: o transforma em uma aranha real.
A rainha então rastreia o Homem-Aranha-Aranha e o leva pro seu covil, onde ele pode terminar a transformação e virar o pior pesadelo do Frodo. Ah, ela também revela que ele está grávido.
Vai lá saber como a Aranha-Homem-Aranha, sendo do sexo masculino, conseguiu engravidar, mas qual sua reação com essa notícia? Nenhuma, porque ele é uma merda de aranha que não consegue entender o que as pessoas dizem. Em vez disso, ele começa a ter uma convulsão e seu corpo cai morto, deixando a Rainha com o coração partido.
"Oh, droga. Vou molestar um cavalo então."
Mas a rainha sai, apenas pra perder...
...o Homem-Aranha emergindo da casca morta de seu próprio corpo. Tentando descobrir como isso faz sentido? Não faz nenhum, então não se preocupe. Ele até tem todas as suas memórias e sabe onde está, o que significa que de alguma forma a Aranha-Homem-Aranha estava grávido de um Peter Parker em forma humana, adulto, e em seguida morreu ao dar à luz a si mesmo.
Lança-teias orgânicos. Viu, o primeiro filme do Aranha tinha saído algum tempo antes dessa história, e uma das mudanças que eles fizeram foi que o Homem-Aranha não inventou os lançadores, ele atira a teia de seus pulsos. Os roteiristas da Marvel foram incumbidos conseguir introduzir isso nos gibis, e "fazer o Homem-Aranha se transformar em uma aranha gigante e dar à luz a si mesmo" parecia ser a opção mais simples.

Fora isso, ele descobre que também pode falar com os insetos agora. Esse é um superpoder incrivelmente útil que ele não usou de novo por uns 8 anos.


4º LUGAR: ALFRED É SALVO POR SEU AMOR POR BATMAN E ROBIN (ALÉM DO RAIO DE REGENERAÇÃO)
Nos anos 60, os leitores do Batman foram ficando cabreiros com o tema "manter um garoto numa caverna com homens mais velhos", modos que os roteiristas tinham que matar o Alfred e pôr a Tia Harriet (a velha chata do seriado) no lugar.
Então, Alfred foi despachado com a dignidade do Coiote do Papa-Léguas: ele é achatado por uma pedra. Apesar de estar numa moto.
Um Batman triste decide colocar o cadáver de Alfred em um "caixão refrigerado" (basicamente, um freezer), então esquece o cara por dois anos. Mais tarde é revelado que, pouco depois da morte de Alfred, um homem chamado Brandon Crawford estava no cemitério estudando insetos quando ouviu gemidos vindo de um túmulo e...
Acontece que Alfred estava apenas dormindo, um pequeno detalhe que o maior detetive do mundo não notou enquanto estava enterrando o homem vivo. A explicação foi que o amor e a devoção de Alfred por Batman e Robin lhe deram a suficiente "vontade de viver" pra contrabalançar o dano físico causado por uma porra de pedra gigante. Nessa lógica, metade das pessoas que endeusam o Batman na Internet deviam ser indestrutíveis.
Mas "um pouco vivo" ainda é "quase morto". Felizmente e coincidentemente, Brandon Crawford tem um raio de regeneração em seu porão. A ressurreição de Alfred já teria sido ridícula o suficiente se a história acabasse ali, mas ainda tinha mais. O raio restaura sua vida, mas também tem alguns efeitos colaterais bizarros: lhe dá a pior micose de todos os tempos, lhe concede superpoderes inexplicáveis e o transforma em um supervilão demente.
Ah, ele também nocauteia Crawford e transforma seu corpo pra parecer exatamente como Alfred (desculpa pros escritores fingirem que ele estava morto por mais alguns números). Alfred tem um breve período como o "Outsider", um vilão que traz problemas pra Dupla Dinâmica porque ele sabe suas identidades secretas. E problemas também porque ele pode transformá-los em mobília ao tocá-los.
Robin virar um caixão já economiza grana pro enterro.
A luta final é no porão de Crawford, onde Batman sem querer derruba o "Outsider" no raio de regeneração, trazendo Alfred de volta ao normal. Alfred não se lembra de nada, o que é ótimo, significa que eles nunca mais vão ter que falar disso e que Batman não tem que explicar por que ele largou o corpo de Alfred num freezer.
Mas peraí: se o Alfred tinha morrido, a Tia Harriet se mudou pra substituí-lo e eles até mesmo tinham criado uma instituição de caridade com seu nome, que desculpa esfarrapada eles iam dar pro seu retorno?
Desse jeito, sem nenhuma explicação?
Note que ela está gaguejando de tristeza, e não por medo de que um zumbi entrou na casa. Pelo visto você tem que fechar os olhos pra um monte de coisas se quiser trabalhar na Mansão Wayne. Talvez ela não pudesse, então Tia Harriet desapareceu misteriosamente poucos anos mais tarde e nunca foi mencionada novamente nos gibis.


3º LUGAR: O COISA É DESENHADO DE VOLTA À VIDA POR "DEUS"
O Coisa do Quarteto Fantástico, cujo superpoder é basicamente "ser indestrutível", uma vez tirou uma soneca mortal porque seu companheiro elástico Reed Richards o matou. Ele não queria, mas o Coisa estava possuído pelo Dr. Destino, que estava provocando Reed com o fato de que a única maneira de pará-lo era matar seu melhor amigo.
Decisão difícil, certo? Na verdade, não. Reed dispara um raio mortal contra o Coisa enquanto dramaticamente gritava seu nome (talvez pra ele pensar que outra pessoa estava disparando).
"CUIDAAADOOOO..."
Depois, Reed se sente ligeiramente culpado pela situação, por isso paga seu último tributo a Ben roubando seu cadáver pra estudá-lo em um laboratório. Pelas costas de todos.
Logo Reed descobre uma maneira de trazer o corpo de Ben de volta à vida. O problema: a sua alma foi pro Céu, então eles têm que recuperá-la primeiro, a não ser que queiram que ele volte como um zumbi. E como eles planejam conseguir isso? Literalmente viajando até o Céu pra buscá-la.
É mais ou menos assim que rolam os pactos de suicídio.
Sim, eles decidiram que precisavam tirar a alma de seu amigo do descanso eterno, já que Ben obviamente preferia estar de volta à Terra do que beber cervejas infinitas no paraíso. Então usam um velho veículo que leva ao paraíso construído anos atrás pelo Dr. Destino pra, hããã, visitar sua mãe, acredite.
Depois de alcançar o Céu e espancar alguns anjos, o "Triteto" Fantástico encontra Ben, apenas pra descobrir que (surpreendentemente) ele não está com tanta pressa de voltar à Terra. Enquanto eles tentam convencê-lo, o time acaba ficando em apuros e Ben acaba salvando Reed de... não tenho certeza do que, já que as únicas opções são Reed ser enviado de volta pra Terra ou morrer no Céu e renascer ali mesmo, porque ele é "do bem". Isso mostra o quanto a equipe fica inútil sem Ben, então ele se sente culpado e concorda em voltar com eles.
A história poderia acabar ali, mas em seguida todos são convidados pra um encontro com Deus antes de sair. Já que não podem dizer "não" pra isso, eles entram em uma porta e encontram...
...um estúdio com um cara muito parecido com Jack Kirby, co-criador da maioria dos personagens da Marvel com Stan Lee, mas que tem menos crédito porque morreu antes de fazer aparições nos filmes.
Deus devolve Ben de volta à realidade o desenhando, e na forma do Coisa, porque ele é muito mais interessante como um monstro miserável do que como um ser humano feliz.


2º LUGAR: ROBIN (JASON TODD) É "ESMURRADO" DE VOLTA À REALIDADE
Jason Todd foi o segundo Robin, um novo personagem adolescente introduzido na década de 80 após as pernas do outro Robin começarem a ficar muito peludas para aquela roupa. Os fãs do Batman odiavam o cara, então depois de alguns anos recebendo ódio pelo correio, a DC descobriu uma solução: anunciaram uma votação por telefone para os leitores decidirem se ele vivia ou morria.
10.000 votos depois, Jason foi oficialmente declarado morto depois de ser apresentado a um pé de cabra pelo Coringa, explodido e, em seguida, enterrado sob um prédio em ruínas.
Quem dera o resultado do Big Brother também fosse assim.
Já que não queriam que seus leitores pensassem que gastaram dinheiro à toa, os editores da DC garantiram que a morte de Jason era permanente, afirmando na contracapa do gibi que "seria um golpe realmente desprezível trazê-lo de volta". E eles fizeram exatamente isso - 20 anos depois. Mas se a DC queria se arriscar, ela tinha uma grande história de ressurreição planejada, certo?

Certo?
Um dia, em 2005, Jason aparece em Gotham, zangado, adulto e inexplicavelmente vivo, fazendo Batman e os fãs de gibis se perguntarem: "Que merda é essa?". Mais tarde disseram que Jason estava vivo por anos sem o conhecimento de Batman, e realmente voltou à vida apenas alguns meses depois de sua morte.
Depois de sair do túmulo, Jason foi encontrado por Talia, inimiga/atriz-cantora mexicana/ex-amante do Batman. Talia e seu pai, Ra's al Ghul, treinaram Jason como um vilão, então meio que esqueceram o cara e nunca mencionaram nada pro Batman em nenhum dos encontros que tiveram ao longo dos anos. Enquanto isso, Jason estava na Europa, desculpa para a surpresa quando aparecesse adulto.
Isso é até plausível, mas a razão ridícula pra ele estar vivo é que alguém, literalmente, deu um soco no tempo.
Outro gibi da DC publicado em 2005 mostrou uma realidade alternativa em que Superboy tentava escapar da dimensão onde estava preso socando a realidade. Provavelmente porque isso é algo que o Superboy pode fazer. Lembra aquela cena do primeiro filme do Super-Homem, em que ele desfaz a morte de Lois Lane fazendo a Terra girar ao contrário? Mais ou menos aquilo, só que na versão emo.
"Emo nããããõoo, SuprEMO..."
Num acesso de raiva, Superboy socou a realidade tão forte que deu um baque no tempo, mudando detalhes da história do universo DC. Portanto, foi a oportunidade perfeita pra, digamos, aumentar os peitos da Mulher-Maravilha, mas não, desperdiçaram revivendo o falecido parceiro chato do Batman. Aquele que todo mundo odiava.
Assim, pra Jason o universo mudou pra um em que ele tinha sobrevivido à explosão, mas o resto do mundo continuou o mesmo (por isso ele acordou preso no caixão). Claro, sabemos isso porque o narrador contou - os personagens não têm nenhuma idéia do que aconteceu, e nunca fizeram qualquer tentativa de descobrir. Pra todos os efeitos, Batman enterrou uma criança viva, como já tinha feito com Alfred.


1º LUGAR: OPTIMUS PRIME É SALVO EM UM DISQUETE
Se  você já viu os filmes dos Transformers, sabe que seu líder Optimus Prime é um grande fã de se sacrificar por uma causa nobre. Nos gibis não é diferente, exceto que você tem que substituir a palavra "nobre" por "estupidez". Numa ocasião, a incrível ressurreição de Optimus Prime é ofuscada só por sua morte incrivelmente inútil: ele comete suicídio durante um jogo de videogame.
Tudo começa quando os Autobots e os Decepticons estão prestes a ter uma briga quando o garoto Ethan mostra uma alternativa menos destrutiva.
Ele sugere que todos eles façam login como personagens de seu videogame pra que possam lutar lá, e quem ganha no jogo fica com a coisa pela qual estão lutando. Megatron aceita com uma condição: que ele e Optimus encham seus corpos com explosivos e quem perde o jogo explode na vida real. Já que Optimus não havia se sacrificado por nada há umas 10 edições, ele concorda.
Dentro do jogo, Optimus lembra aos Autobots pra não ferir os outros personagens do jogo, mesmo que eles não sejam reais e não tenham personalidade, porque não é assim que os Autobots agem. Mas eles não vacilam em atirar no bilau dos Decepticons.
Megatron usa um código pra matar a maioria dos Autobots e está prestes a ganhar, mas no último momento Optimus derruba uma torre em cima dele, empurrando-o de um penhasco.
Então, isso significa que os Autobots ganharam e podem explodir Megatron em pedaços, certo? Errado. Pra espanto de todos, Optimus anuncia que não ganhou nada, porque matou personagens do jogo quando derrotou Megatron, o que vai contra seus princípios. Então, parece que é um empate... ou seria, se Optimus não tivesse um fetiche pela morte.
Optimus está basicamente se matando por causa de alguns pixels, prejudicando sua equipe, colocando em risco o universo (já que os Decepticons têm a coisa pela qual estavam brigando) e deixando cicatrizes na mente de cada criança dos anos 80 com a seguinte imagem:
Então, assim que os Decepticons saem e os Autobots lamentam a morte de seu amigo por algum tempo, Ethan revela que tinha guardado convenientemente a mente de Optimus em um disquete antes que ele se destruísse.
SUPREMUS ABSOLUTUS?? Tradução cretina ou disquete errado.
Issaí, toda a sua consciência está guardada em um disquete. E não, não foi um disquete ultra-poderoso com tecnologia alienígena que ele usou: os Autobots nem sabiam disso, o que significa que era um disquete comum de 1986, que podiam gravar cerca de 1 megabyte de informação. Se você copiar e colar esse artigo no Word, vai ter o dobro do espaço de toda a essência do Optimus Prime.
Esse GIF tem, literalmente, 10% da personalidade de Optimus.
O único problema é que o idiota levou tanto tempo pra falar isso que os Autobots já tinham lançado o cadáver de Optimus no espaço. Eles viajam pra três planetas diferentes à procura de alguém que seja capaz de reconstruir Optimus, finalmente encontrando no planeta Nebulog. Eles reconstroem Optimus do zero, baixam sua memória pro novo corpo, então...
...ele imediatamente morre de novo.

Eles são obrigados a fazer mudanças pra que seu novo corpo possa sobreviver (apenas o tempo pro lançamento de uma nova linha de brinquedos no Natal) e ele acaba ficando muito phodão.
Então ele morre se sacrificando novamente umas 30 edições depois, sem falar que ele também morreu no filme. Já não tenho certeza porque os Autobots se preocupam em revivê-lo.

Pois é, p-p-pessoal. Até a próxima sessão de constragimento dos heróis. See ya later...

quarta-feira, 3 de junho de 2015

TOP TRIN: FILMES DE ARTES MARCIAIS

Muito antes do mundo ficar obcecado com o MMA, filmes de artes marciais satisfaziam nossa sede de sangue. A Trincheira Nerd presta uma homenagem a alguns desses filmes cheios de gritos, pancadas, hematomas e molho shoyu. Prepare o Gelol e as ataduras porque o combate vai começar...


10º LUGAR: THE STREET FIGHTER (1974)
Com um estilo mais cruel, Sonny Chiba nunca chegou a ser a estrela que Bruce Lee foi. Mas os seus filmes eram sem dúvida phodões e "The Street Fighter" foi o seu melhor momento (não confunda com a bomba do Van Damme). Chiba é Terry Tsurugi, um mercenário durão que é contratado pela Yakuza pra sequestrar uma rica herdeira.
Quando eles se recusam a pagar seu preço exorbitante, tentam matá-lo pra esconder seus planos. Ele decide então oferecer seus serviços pra protegê-la. "The Street Fighter" foi o primeiro filme a ser proibido pra menores de 18 anos nos EUA, por conta de sua violência (como arrancar as bolas de um cara, por exemplo).
Momento Motherfucker: Tsurugi acaba com uma escola de karatê, embora ele tenha dificuldades com seu mestre gordinho (no link tá o filme completo. Essa cena começa no minuto 28).

https://www.youtube.com/watch?v=UXffKre9ryU


9º LUGAR: RIKI-OH - THE STORY OF RICKY (1991)
Esse poderia ser o cult mais louco de todos os tempos, mas definitivamente é o mais tosco. "Riki-Oh" conta a história de um jovem nascido com força sobre-humana que é enviado pra prisão depois de vingar a morte de sua namorada. Todas as prisões são de propriedade privada e esta é chefiada por um guarda corrupto e seus capangas.
Ricky rapidamente entra em sua lista negra e passa a maior parte do filme em combates por sua vida. Ao longo do caminho cabeças são esmagadas, globos oculares são perfurados e Ricky quase é estrangulado com os intestinos de um rival. Acredite, é absolutamente hilariante.
Momento Motherfucker: a inesquecível luta contra o diretor da prisão (várias cenas podem ser vistas aqui, a do diretor começa em 3:08).




8º LUGAR: KARATÊ KID - A HORA DA VERDADE (1984)
É datado e piegas, mas continua sendo o clássico que fez crianças nos anos 80 e 90 se inscreverem em aulas de karatê e vestirem pijamas que nem quimonos. Bom, pelo menos eu já ouvi falar de crianças que faziam isso. Hããã, vamos lá... Daniel LaRusso é o oprimido favorito de Johnny Lawrence, ex-namorado da garota que gosta dele.
Um dia é salvo pelo Sr. Miyagi, um velho mestre de karatê, da gangue de Johnny. Disposto a ajudar Daniel, Miyagi lhe ensina a lutar pra que ele possa se defender. Ele entra em um campeonato de karatê e enfrenta seu maior rival, não sem antes limpar o carro ou pintar a cerca.
Momento Motherfucker: Sr. Miyagi é o salvador de Daniel San quando usa seu estilo ninja pra desmantelar a gangue de esqueletos do dojo Cobra Kai.




7º LUGAR: O TEMPLO DE SHAOLIN (1982)
Muitos fãs do antigo kung fu não gostam do excessivo (ab)uso de cabos nos filmes que Jet Li fez a partir dos anos 90, mas seu primeiro trabalho está longe disso. Com roteiro simples e excelentes coreografias, "O Templo de Shaolin" foi o primeiro filme de kung fu produzido na China Continental e, por causa da inexperiência da equipe, o filme levou quase 2 anos pra ser filmado. Mas todo esse trampo com certeza valeu a pena, pois ele foi um sucesso enorme em toda a Ásia e transformou Jet Li (na época chamado de Li Lian Jie, seu nome real) num astro da noite pro dia.
Na China, durante o período das dinastias Sui e Tang, o pai de Chieh Yuan (Li) é assassinado na sua frente. Ele escapa e chega ferido num templo shaolin. Após se recuperar, Chieh Yuan aprende a lutar kung fu e, com o tempo, acaba se tornando um monge shaolin, mas não se esquece do assassino de seu pai, ainda desejando vingança. Quem curte filmes de kung fu chinês está acostumado com o nível de tosquice desses filmes, mas o que importa mesmo são as sequências de lutas bem coreografadas.
Momento Motherfucker: parte do treinamento dos monges, todos campeões reais de wushu.




6º LUGAR: KILL BILL VOL. 1 (2003)
Quentin Tarantino descarrega tudo o que ama sobre filmes de kung fu e de vinganças de mulheres exploradas nesse que é o filme mais frenético e visualmente impressionante de sua carreira. Brutalizada e deixada pra morrer no dia do casamento, a noiva (Uma Thurman) sai do coma 4 anos depois com a intenção de destruir seus antigos companheiros traidores e seu chefe e ex-amante, Bill.
No caminho, ela consegue a lâmina-de-todas-as-lâminas no Japão graças ao ferreiro aposentado Hattori Hanzo (Sonny Chiba numa ponta genial) e, no final, dois nomes na lista negra da noiva são riscados. Na verdade eu nem considero separar "Kill Bill" em 2 volumes, porque é impossível ver o primeiro e não assistir o Vol. 2 na sequência.
Momento Motherfucker: a noiva, vestida de Bruce Lee, fatia toda a gangue "88 Loucos" (liderada por Gordon Liu), transformando a Casa das Folhas Azuis num antro de ternos ensanguentados e membros decepados.



5º LUGAR: O GRANDE DRAGÃO BRANCO (1988)
Não dá pra fazer uma lista desses filmes sem inserir outro grande astro supremo: Bolo Yeung. Esse filme é tudo o que o UFC queria ser. O Kumite, um torneio de luta subterrânea ultra-secreta em Hong Kong, atrai os melhores em todos os estilos de todo o mundo. Entre eles está Frank Dux (Van Damme), um lutador e soldado americano com um sotaque europeu inexplicável (?!).
A coisa engrossa quando Chong Li (Yeung) abusa do prazer de machucar pessoas. Ele tem que ser parado. Mas como? Poderia o novo astro loirinho dos anos 80 ser capaz disso? Não, não vou contar o final do filme pra você. Apenas que o filme é baseado em fatos reais. E só.
Momento Motherfucker: você nunca acha que vai precisar do treinamento com os olhos vendados. Quer dizer, até Chong Li te cegar na luta final e você ser forçado a vencer sem ajuda da visão. Obrigado, Mestre Tanaka.




4º LUGAR: OS 5 VENENOS DE SHAOLIN (1978)
Clássico da Shaw Brothers e talvez um dos filmes de artes marciais mais cultuados de todos os tempos, a história mostra o velho mestre da Casa dos 5 venenos ordenando que seu discípulo encontre seus 5 discípulos anteriores, o Clã do Veneno, cada um com sua habilidade baseada em um animal venenoso: Centopéia, Cobra, Escorpião, Lagarto e Sapo. Ele pede pra verificar se algum membro do clã está usando suas habilidades para o mal e, se for o caso, eliminá-lo.
O problema é que nem o mestre conhece suas identidades (pois eles treinavam com máscaras). O mestre orienta o jovem a se juntar a algum deles que seja do bem pra poder combater os outros, pois sozinho ele não terá chance contra nenhum deles. Uma missão bem safada, já que os "venenosos" mudaram de nome e só mostram suas habilidades em último caso.
Apesar das máscaras, os atores principais não são motivo pra risadas, pois são um dos melhores grupos de artes marciais já reunidos em um filme. Um filme que vale muuuuito a pena.
Momento Motherfucker: a luta final, reunindo lutadores com movimentos tão friamente calculados que deixam a sala praticamente intacta.



3º LUGAR: O GRANDE MESTRE INVENCÍVEL (1994)
Considerado o melhor trabalho de Jackie Chan, "Drunken Master II" mostra um discípulo do "boxing bêbado" que, do mesmo jeito que o Popeye com o espinafre, fica praticamente invencível sempre que toma umas.
É uma mistura perfeita das marcas registradas de Jackie: a comédia pastelão e as acrobacias cheias de adrenalina, e a sequência final de 8 minutos é, com certeza, uma das coreografias de luta mais impressionantes já filmadas.
Se o filme inteiro fosse assim, "O Grande Mestre Invencível" seria muito mais conceituado. Infelizmente, tem muita encheção de linguiça sobre raízes de ginseng e imperialismo ocidental pra você aguentar até chegar nas partes boas.
Momento Motherfucker: a luta final mencionada acima, entre Wong Fei-Hung (Chan) e dois vilões, que conta com cuspes de fogo, a técnica secreta queixo-no-olho e alguns movimentos de agilidade verdadeiramente diabólicos.




2º LUGAR: A CÂMARA 36 DE SHAOLIN (1978)
"A Câmara 36 de Shaolin" é a obra-prima de Gordon Liu. O filme fez tanto sucesso e o personagem foi tão marcante que os fãs só o queriam careca em todos os filmes. Esse clássico foi copiado em praticamente todos os filmes posteriores que usam as palavras "templo" e "shaolin", principalmente nas cenas de treinamento, momentos de horror pra muito fisioterapeuta.
O filme conta a história do monge San Te (Gordon Liu) em busca de conhecimento e sua luta contra a dominação Manchu. Depois que sua família é dizimada por soldados Manchus, o jovem San Te ingressa no Templo Shaolin pra aprender artes marciais e se vingar, mas pra isso tem que atravessar 35 câmaras, onde em cada uma aprende uma nova habilidade através de engenhosos treinamentos. Ele então resolve abrir a 36ª Câmara pra ensinar a população a se defender dos ataques dos Manchus.
Os clichês dos filmes da Shaw Brothers estão todos lá: vingança, violência, mensagens ideológicas, a superação dos limites do corpo através da mente mas, acima de tudo, está também uma aula de roteiro e filmagem, cortesia de Liu Chia-Liang , diretor que nesse filme lançou ao estrelato seu irmão adotivo Liu Chia Hui, mais conhecido como Gordon Liu.
Momento Motherfucker: se já é difícil manusear um nunchaku, que tal então um triplo, o chamado sansetsukon? Nessa cena recebemos uma aula humilhante de Gordon Liu (ou Liu Chia-Hui, ou Xian Jinxi, ou... ah, deixa pra lá...).




1º LUGAR: OPERAÇÃO DRAGÃO (1973)
Até 1973, o maior astro das artes marciais do cinema, Bruce Lee, era conhecido nos States só pelo seriado "Besouro Verde", onde era o assistente Kato. Na Ásia ele era um superstar, onde "A Fúria do Dragão" e "O Vôo do Dragão" lotavam os cinemas.  Com o sucesso desses filmes, Hollywood o procurou pra estrelar um filme de artes marciais de grande orçamento, que se tornaria o maior sucesso do gênero em todos os tempos, imortalizaria Bruce Lee e abriria o mercado ocidental pros filmes de porrada chineses. Vendo a oportunidade de finalmente virar um astro também nos EUA, Lee interrompeu as filmagens de "O Jogo da Morte" e assinou o contrato pra estrelar a produção da Warner. Nascia "Operação Dragão".
O chefão Han realiza um torneio de artes marciais em sua ilha, uma fachada pro recrutamento de distribuidores do ópio que ele produz. O "FBI" inglês manda Lee (Bruce Lee) pra competir no torneio e conseguir provas pra condenar Han. Mas Lee também tem outro interesse na missão, já que o guarda-costas de Han, OHarra, foi o responsável pela morte de sua irmã.
Hoje, quando filmes de ação e de luta usam e abusam de efeitos especiais e fios, "Operação Dragão" ainda impressiona com cenas quase que totalmente filmadas sem nada disso, onde o destaque é apenas a perícia dos lutadores, especialmente de Lee, responsável pela coreografia de todas as cenas de luta. O filme é um tipo de "007 asiático", talvez o filme de artes marciais mais perfeito já feito, e ainda conta com um elenco do tipo "quem-é-quem", incluindo Jim Kelly, Bolo Yeung e um dublê Jackie Chan que morre ser dizer nada hehehe.
Infelizmente, Lee morreu em circunstâncias misteriosas uma semana antes da estréia de "Operação Dragão" nos EUA, aumentando mais ainda o mito que ele já era.
Momento Motherfucker: a penúltima luta, onde Bruce Lee usa todos os estilos existentes na década de 70 (atenção em 1:17, onde Jackie Chan aparece para a morte).



Issaí, turma. Uma pequena amostra desse imenso, glorioso, tosco, dolorido mundo dos filmes de artes marciais. E vem muito mais por aí. See ya later...